sábado, 8 de agosto de 2009

Negrumes e ventos



A noite era quente, a bruma enchia os vales, penetrava as florestas, escondia os riachos. Levantou-se foi ate a janela, abriu-a e olhou as estrelas e a Lua que brilhavam como se acabassem de ter sido criadas.

Teve um certo medo daquela imensidão, escura, mormurante, essa escuridão que só se vê em fazendas, que só a sabe quem já conviveu consigo, trancado em pensamentos, pois todo o homem é negrume e vento por dentro.

Olhava profundo as folhas que não se acalmavam, balaçando com o vento fresco, o mesmo que o agitava por dentro e não o deixava adormecer. Trazia consigo uma certa angústia, um negrume que não o deixava em paz, recostou os cotovelos sobre o batente de uma das janelas, assistiu o céu, fitou fixamente um ponto, um que brilhava, brilhava com uma luz de longe, uma luz de passado; viu então mais longe, cada vez mais, via a escuridão passar ao seu redor, via esferas incandescentes passar-lo, via planetas e nebulosas, brumas coloridas, sentiu o calor e o frio, o vento e sua ausência e enfim a luz, uma cegueira clara.

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