sábado, 8 de agosto de 2009
Negrumes e ventos
A noite era quente, a bruma enchia os vales, penetrava as florestas, escondia os riachos. Levantou-se foi ate a janela, abriu-a e olhou as estrelas e a Lua que brilhavam como se acabassem de ter sido criadas.
Teve um certo medo daquela imensidão, escura, mormurante, essa escuridão que só se vê em fazendas, que só a sabe quem já conviveu consigo, trancado em pensamentos, pois todo o homem é negrume e vento por dentro.
Olhava profundo as folhas que não se acalmavam, balaçando com o vento fresco, o mesmo que o agitava por dentro e não o deixava adormecer. Trazia consigo uma certa angústia, um negrume que não o deixava em paz, recostou os cotovelos sobre o batente de uma das janelas, assistiu o céu, fitou fixamente um ponto, um que brilhava, brilhava com uma luz de longe, uma luz de passado; viu então mais longe, cada vez mais, via a escuridão passar ao seu redor, via esferas incandescentes passar-lo, via planetas e nebulosas, brumas coloridas, sentiu o calor e o frio, o vento e sua ausência e enfim a luz, uma cegueira clara.
sábado, 4 de julho de 2009
Sobre o amor
Esperança
Anseios vãos da esperança
mãe da tolice humana
da luta que nada alcança,
não deixa de ser mundana
ja que de ti a força e a garra
em nossas faces cansadas escarra.
Quanto a nós sujos dos desejos não satisfeitos
nutrimo-a como se tardasse a morte
e ainda que tarde, e morra nada é feito,
mas nós voltamos, sem aquela sorte
aquela inicial, contudo com esperança,
e providos dela nao tememos o mundo nem a lança.
Pobre de quem espera
sentado sobre o banco do tempo
o vagaroso passar de mais uma era.
mãe da tolice humana
da luta que nada alcança,
não deixa de ser mundana
ja que de ti a força e a garra
em nossas faces cansadas escarra.
Quanto a nós sujos dos desejos não satisfeitos
nutrimo-a como se tardasse a morte
e ainda que tarde, e morra nada é feito,
mas nós voltamos, sem aquela sorte
aquela inicial, contudo com esperança,
e providos dela nao tememos o mundo nem a lança.
Pobre de quem espera
sentado sobre o banco do tempo
o vagaroso passar de mais uma era.
sábado, 27 de junho de 2009
Desespero
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Parte
Sempre há um coração.
Em tudo o que faço
há meu coração,
em tudo o que vós digo
há uma mínima parte de mim.
E por força disto, no que escrevo
há muito de mim
em tantos pequenos pedaços,
partes tão infimas
que as vezes chego a pensar
que não há.
Em tudo o que faço
há meu coração,
em tudo o que vós digo
há uma mínima parte de mim.
E por força disto, no que escrevo
há muito de mim
em tantos pequenos pedaços,
partes tão infimas
que as vezes chego a pensar
que não há.
Entretanto, aqueles que me amam
sabem encontrar essas partes
e as entender.
Mesmo quando, eu mesmo
já as quero esquecer.
sabem encontrar essas partes
e as entender.
Mesmo quando, eu mesmo
já as quero esquecer.
Domingo
O céu nublado, o vento frio e com ele o leve farfalhar das folhas, mais um dia, domingo . Sentei-me na grama do jardim, melhor deitei-me sob uma Paineira, ao longe bem acima das folhas que se desprendiam as nuvens pairavam a favor do vento. Apesar do frio me lembrar o fim do outono o ceu pesado me remetia a Janeiro, melhor dizendo a algum outro domingo atoa daquele mês, quando deitado no mesmo lugar que hoje estava assistia a alegria dos piriquitos e maritacas que fuçando nas painas espalhavam por toda a volta da grama o algodão nelas contido. Vez por outra saiam em revoadas, sempre aos bandos, a assustar qualquer outro pássaro ali por volta, inclusive às galinhas da angola.
Estranho ver como em pouco tempo tanta coisa pode mudar, agora os galhos quase sem folhas, retorcem-se ao frio, e as árvores mais velhas rangem com o vento, e ao invés da algazarra dos piriquitos, ouço apenas ao longe o comprido lamento de uma gralha, as angolas amontoam-se sobre as folhas mortas , ou correm para roubar a ração dos cachorros enquanto estes caçam algum raio de Sol.Embora tudo isso pareça muito pitoresco, dei-me conta que minha vida não era senão espelho disso.
sábado, 30 de maio de 2009
Meu império, meu ímpeto
Há em mim e acho que sempre houve, algo tal qual um império, uma rebelião interna, legiões intermináveis de mim, que por vezes gritam-me:
-Quem és tu? Vinde, anda conosco.
Pobres coitados penso eu, pouco sabem quem sou! E que em mim se encerram todos eles, minhas mais multiplas faces. Prefiro andar só, há tempos venho caminhando dessa forma, e por mais que os desejos deste mundo me chamem para caminhar junto a eles, eu caladamente me nego com um abanar silencioso de cabeça, porém em dias como os de hoje onde vê-se as esperanças tão minguadas e os desejos tão a flor da pele é imprecindível a pergunta:
- Será que vale a pena?
Por mais que agitem-se dentro de ti legiões e que por vezes a flamula de teus desejos pareça mais bela que a de tua esperança, não te abatas, pois certamente haverão derrotas pelo caminho entretanto a maior vitória é mérito de teus objetivos e não de teus luxos momentâneos.
-Quem és tu? Vinde, anda conosco.
Pobres coitados penso eu, pouco sabem quem sou! E que em mim se encerram todos eles, minhas mais multiplas faces. Prefiro andar só, há tempos venho caminhando dessa forma, e por mais que os desejos deste mundo me chamem para caminhar junto a eles, eu caladamente me nego com um abanar silencioso de cabeça, porém em dias como os de hoje onde vê-se as esperanças tão minguadas e os desejos tão a flor da pele é imprecindível a pergunta:
- Será que vale a pena?
Por mais que agitem-se dentro de ti legiões e que por vezes a flamula de teus desejos pareça mais bela que a de tua esperança, não te abatas, pois certamente haverão derrotas pelo caminho entretanto a maior vitória é mérito de teus objetivos e não de teus luxos momentâneos.
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